Amigos e amigas, Paz e Bem!
Esta breve coleção de textos nos
recorda a importância do uniforme sacerdotal, a batina ou hábito talar. Valha
outro tanto para o hábito religioso próprio das ordens e congregações. Em um
mundo secularizado, da parte dos consagrados não há melhor testemunho cristão
que a vestimenta sagrada nos sacerdotes e religiosos.
“Sete excelências da batina.”
"Atente-se como o impacto da
batina é grande ante a sociedade, que muitos regimes anticristãos a têm proibido
expressamente. Isto nos deve dizer algo. Como é possível que agora, homens que
se dizem de Igreja desprezem seu significado e se neguem a usá-la?"
Hoje em dia são poucas as
ocasiões em que podemos admirar um sacerdote vestindo sua batina. O uso da
batina, uma tradição que remonta a tempos antiquíssimos, tem sido esquecida e
às vezes até desprezado na Igreja pós-conciliar. Porém isto não quer dizer que
a batina perdeu sua utilidade, se não que a indisciplina e o relaxamento dos
costumes entre o clero em geral é uma triste realidade.
A batina foi instituída pela
Igreja pelo fim do século V com o propósito de dar aos seus sacerdotes um modo
de vestir sério, simples e austero. Recolhendo, guardando esta tradição, o
Código de Direito Canônico impõe o hábito eclesiástico a todos os sacerdotes.
Contra o ensinamento perene da
Igreja está à opinião de círculos inimigos da Tradição que tratam de nos fazer
acreditar que o hábito não faz o monge, que o sacerdócio se leva dentro, que o
vestir é o de menos e que o sacerdote é o mesmo de batina ou à paisana.
Sem dúvida a experiência mostra o
contrário, porque quando há mais de 1500 anos a Igreja decidiu legislar sobre
este assunto foi porque era e continua sendo importante, já que ela não se
preocupa com ninharias.
Em seguida expomos sete excelências da batina condensadas de um escrito
do ilustre Padre Jaime Tovar Patrón.
1ª RECORDAÇÃO CONSTANTE DO
SACERDOTE
Certamente que, uma vez recebida
a ordem sacerdotal, não se esquece facilmente. Porém um lembrete nunca faz mal:
algo visível, um símbolo constante, um despertador sem ruído, um sinal ou
bandeira. O que vai à paisana é um entre muitos, o que vai de batina, não. É um
sacerdote e ele é o primeiro persuadido. Não pode permanecer neutro, o traje o
denuncia. Ou se faz um mártir ou um traidor, se chega a tal ocasião. O
que não pode é ficar no anonimato, como qualquer. E logo quando tanto se fala
de compromisso! Não há compromisso quando exteriormente nada diz do que se
é. Quando se despreza o uniforme, se despreza a categoria ou classe que
este representa.
2ª PRESENÇA DO SOBRENATURAL NO
MUNDO
Não resta dúvida de que os
símbolos nos rodeiam por todas as partes: sinais, bandeiras, insígnias,
uniformes... Um dos que mais influencia é o uniforme. Um policial, um guardião,
é necessário que atue, detenha, dê multas, etc. Sua simples presença influi nos
demais: conforta, dá segurança, irrita ou deixa nervoso, segundo sejam as
intenções e conduta dos cidadãos.
Uma batina sempre suscita algo
nos que nos rodeiam. Desperta o sentido do sobrenatural. Não faz falta pregar,
nem sequer abrir os lábios. Ao que está de bem com Deus dá ânimo, ao que tem a
consciência pesada avisa, ao que vive longe de Deus produz arrependimento.
As relações da alma com Deus não
são exclusivas do templo. Muita, muitíssima gente não pisa na Igreja. Para
estas pessoas, que melhor maneira de lhes levar a mensagem de Cristo do
que deixar-lhes ver um sacerdote consagrado vestindo sua batina? Os fiéis têm
lamentado a dessacralização e seus devastadores efeitos. Os modernistas clamam
contra o suposto triunfalismo, tiram os hábitos, rechaçam a coroa pontifícia,
as tradições de sempre e depois se queixam de seminários vazios; de falta de
vocações. Apagam o fogo e se queixam de frio. Não há dúvidas: o
"desbatinamento" ou "desembatinação" leva à
dessacralização.
3ª É DE GRANDE UTILIDADE PARA OS
FIÉIS
O sacerdote o é não só quando
está no templo administrando os sacramentos, mas nas vinte e quatro horas do
dia. O sacerdócio não é uma profissão, com um horário marcado; é uma vida, uma
entrega total e sem reservas a Deus. O povo de Deus tem direito a que o auxilie
o sacerdote. Isto se facilita se podem reconhecer o sacerdote entre as demais
pessoas, se este leva um sinal externo. Aquele que deseja trabalhar como
sacerdote de Cristo deve poder ser identificado como tal para o benefício dos fiéis
e melhor desempenho de sua missão.
4ª SERVE PARA PRESERVAR DE MUITOS
PERIGOS
A quantas coisas se atreveriam os
clérigos e religiosos se não fosse pelo hábito! Esta advertência, que era
somente teórica quando a escrevia o exemplar religioso Pe. Eduardo F.
Regatillo, S.I., é hoje uma terrível realidade.
Primeiro, foram coisas de pouca monta: entrar em bares, lugares de
recreio, diversão, conviver com os seculares, porém pouco a pouco se tem ido
cada vez a mais.
Os modernistas querem nos fazer
crer que a batina é um obstáculo para que a mensagem de Cristo entre no mundo.
Porém, suprimindo-a, desapareceram as credenciais e a mesma mensagem. De tal
modo, que já muitos pensam que o primeiro que se deve salvar é o mesmo
sacerdote que se despojou da batina supostamente para salvar os outros.
Deve-se reconhecer que a batina
fortalece a vocação e diminui as ocasiões de pecar para aquele que a veste e
para os que o rodeiam. Dos milhares que abandonaram o sacerdócio depois do
Concílio Vaticano II, praticamente nenhum abandonou a batina no dia anterior ao
de ir embora: tinham-no feito muito antes.
5ª AJUDA DESINTERESSADA AOS
DEMAIS
O povo cristão vê no sacerdote o
homem de Deus, que não busca seu bem particular se não o de seus paroquianos. O
povo escancara as portas do coração para escutar o padre que é o mesmo para o
pobre e para o poderoso. As portas das repartições, dos departamentos, dos
escritórios, por mais altas que sejam, se abrem diante das batinas e dos
hábitos religiosos. Quem nega a uma monja o pão que pede para seus pobres ou
idosos? Tudo isto está tradicionalmente ligado a alguns hábitos. Este prestígio
da batina se tem acumulado à base de tempo, de sacrifícios, de abnegação. E
agora, se desprendem dela como se se tratasse de um estorvo?
6ª IMPÕE A MODERAÇÃO NO VESTIR
A Igreja preservou sempre seus
sacerdotes do vício de aparentar mais do que se é e da ostentação dando-lhes um
hábito singelo em que não cabem os luxos. A batina é de uma peça (desde o
pescoço até os pés), de uma cor (preta) e de uma forma (saco). Os arminhos e
ornamentos ricos se deixam para o templo, pois essas distinções não adornam a
pessoa se não o ministro de Deus para que dê realce às cerimônias sagradas da
Igreja.
Porém, vestindo-se à paisana, a
vaidade persegue o sacerdote como a qualquer mortal: as marcas, qualidades do
pano, dos tecidos, cores, etc. Já não está todo coberto e justificado pelo
humilde hábito religioso. Ao se colocar no nível do mundo, este o sacudirá, à
mercê de seus gostos e caprichos. Haverá de ir com a moda e sua voz já não se
deixará ouvir como a do que clamava no deserto coberto pela veste do profeta
vestido com pêlos de camelo.
7ª EXEMPLO DE OBEDIÊNCIA AO
ESPÍRITO E LEGISLAÇÃO DA IGREJA
Como alguém que tem parte no
Santo Sacerdócio de Cristo, o sacerdote deve ser exemplo da humildade, da
obediência e da abnegação do Salvador. A batina o ajuda a praticar a pobreza, a
humildade no vestiário, a obediência à disciplina da Igreja e o desprezo das
coisas do mundo. Vestindo a batina, dificilmente se esquecerá o sacerdote de
seu importante papel e sua missão sagrada ou confundirá seu traje e sua vida
com a do mundo.
Estas sete excelências da batina
poderão ser aumentadas com outras que venham à tua mente, leitor. Porém, sejam
quais forem, a batina sempre será o símbolo inconfundível do sacerdócio, porque
assim a Igreja, em sua imensa sabedoria, o dispôs e têm dado maravilhosos
frutos através dos séculos.
Notas:
- O autor: Padre Jaime Tovar
Patrón, coronel capelão, ocupou importantes responsabilidades no Vicariato
Castrense. Oriundo de Extremadura, Espanha, foi grande orador sacro. Autor do
livro Los curas de la Cruzada, autêntica enciclopédia dos heroicos sacerdote
que desenvolveram seu trabalho pastoral entre os combatentes da gloriosa
Cruzada de 1936. É, ademais, uma história do sacerdócio castrense. Faleceu em
janeiro de 2004.
- Código de Direito
Canônico (1983): Livro II, I Parte, Título III, Capítulo III:
Cân. 284 Os clérigos usem hábito eclesiástico conveniente, de acordo com
as normas dadas pela Conferência dos Bispos e com os legítimos costumes locais.
Cân. 285 § 1. Os clérigos se abstenham completamente de tudo o que não
convém ao seu estado, de acordo com as prescrições do direito particular.
§ 2. Os clérigos evitem tudo o que, embora não inconveniente, é, no
entanto, impróprio ao estado clerical.
- Convém recordar: muitos
sacerdotes e religiosos mártires pagaram com seu sangue o ódio à fé e à Igreja desencadeado
nas terríveis perseguições religiosas dos últimos séculos. Muitos foram
assassinados simplesmente por vestirem a batina. O sacerdote que veste a batina
é para todos um modelo de coerência com os ideais que professa, à vez que honra
o cargo que ocupa na sociedade cristã.
Se bem é certo que o hábito não
faz o monge, também é certo que o monge veste hábito e o veste com honra. Que
podemos pensar do militar que despreza seu uniforme? O mesmo que do vigário que
despreza sua batina!