domingo, 30 de março de 2014

Viver a Bíblia ao pé da letra?


Podemos fazer tudo o que está escrito na Bíblia?

Algumas pessoas que não entendem bem da Bíblia, ou que foram doutrinadas em algumas seitas, pensam ainda que devemos interpretar a Bíblia ao pé da letra, de maneira fundamentalista. Ora, nada mais errado e perigoso. Por isso, o Magistério da Igreja interpreta a Sagrada Escritura, discernindo o que não pode ser mudado e o que é costume da época e que não vale mais hoje. Veja, por exemplo, os problemas que teríamos hoje se fossemos viver a Bíblia dessa forma:

Ex 21,2: “quando comprares um escravo hebreu, ele servirá seis anos; no sétimo sairá livre, sem pagar nada”. Quer dizer que então podemos comprar escravos? 

Levítico 25: 44 – estabelece que posso possuir escravos, tanto homens quanto mulheres, desde que sejam adquiridos de países vizinhos. “Vossos escravos, homens ou mulheres, tomá-los-eis dentre as nações que vos cercam; delas comprareis os vossos escravos, homens ou mulheres”.

EX 21,7: “Se um homem tiver vendido sua filha para ser escrava, ela não sairá em liberdade nas mesmas condições que o escravo”. Então, podemos vender a filha como serva?

Ex 21, 15: “Aquele que ferir seu pai ou sua mãe, será morto”. Então vamos decretar a pena de morte para muita gente.

Êxodo 35: 2 – claramente estabelece que quem trabalha nos sábados deve receber a pena de morte. “Trabalharás durante seis dias, mas o sétimo (sábado) será um dia de descanso completo consagrado ao Senhor. Todo o que trabalhar nesse dia será morto.” Deveríamos, então, matar todo mundo que trabalha no sábado?

Levítico 21: 18- 21 está estabelecido que uma pessoa não pode se aproximar do altar de Deus se tiver algum defeito. “Desse modo, serão excluídos todos aqueles que tiverem uma deformidade: cegos, coxos, mutilados, pessoas de membros desproporcionados, ou tendo uma fratura no pé ou na mão, corcundas ou anões, os que tiverem uma mancha no olho, ou a sarna, um dartro, ou os testículos quebrados… Sendo vítima de uma deformidade, não poderá apresentar-se para oferecer o pão de seu Deus”.

Lev. 19,27 proíbe cortar cabelo: “Não cortareis o cabelo em redondo, nem rapareis a barba pelos lados.”

Levítico 11: 6-8, quem tocar a pele de um porco morto fica impuro. “E enfim, como o porco, que tem a unha fendida e o pé dividido, mas não rumina; tê-lo-eis por impuro.”

Levítico 19, 19 – “Não juntarás animais de espécies diferentes. Não semearás no teu campo grãos de espécies diferentes. Não usarás roupas tecidas de duas espécies de fios”. Ora, então não se poderia ter vacas, cabritos e galinhas na mesma terra. Não se poderia usar roupa de algodão misturado com poliéster como se usa hoje.

Levítico 20,9-16: “Quem amaldiçoar o pai ou a mãe será punido de morte. Amaldiçoou o seu pai ou a sua mãe: levará a sua culpa. Se um homem cometer adultério com uma mulher casada, com a mulher de seu próximo, o homem e a mulher adúltera serão punidos de morte. Se um homem dormir com outro homem, como se fosse mulher, ambos cometerão uma coisa abominável. Serão punidos de morte e levarão a sua culpa. Se um homem tiver comércio com um animal, será punido de morte, e matareis também o animal”.

Veja quanta gente teria que ser morta hoje se fossemos seguir a Bíblia “ao pé da letra” de maneira fundamentalista; mas é lógico que isso não pode ser feito. Então a Bíblia errou? Não! O escritor sagrado narrou o que se vivia de costume no seu tempo; hoje não se pode viver isso a luz da verdade e do bom senso. A moral evoluiu até que Jesus Cristo a levou à perfeição.

É por isso que a “Dei Verbum” do Concilio Vaticano II ensina que: “O ofício de interpretar autenticamente a palavra de Deus escrita ou transmitida, foi confiado unicamente ao Magistério vivo da Igreja, cuja autoridade se exerce em nome de Jesus Cristo”. (n.10)

E São Pedro nos lembra de algo muito importante: “Nelas [Sagradas Escrituras] há algumas passagens difíceis de entender, cujo sentido os espíritos ignorantes ou pouco fortalecidos deturpam, para a sua própria ruína, como o fazem também com as demais Escrituras” (2 Pe 3, 16).


Agradecimento: Prof. Felipe Aquino

quarta-feira, 26 de março de 2014

Os Católicos adoram Maria? - NÃO! Entenda...!

Maria é a mãe de Jesus e, por isso, merece respeito. "Mas por que os católicos a tratam quase como se ela mesma fosse Deus?"
Amados e amadas, precisamos reafirmar a nossa Fé: É necessário “dar razões à FÉ”. Por isso, gostaria de compartilhar com vocês um pouco sobre o que cremos e o que devemos crer! Deus abençoe!

A Igreja ensina que a adoração é reservada somente a Deus. Ainda que não adorem Maria, os católicos a honram por ser a Mãe do nosso Senhor Jesus Cristo e uma fiel serva de Deus.

Os católicos distinguem diversos tipos de veneração, um deles específico para Nossa Senhora. O Vaticano II pede que se incentive esta veneração concreta, mas adverte tanto contra o exagero como contra a falta de nobreza de espírito, ao tratar da singular dignidade da Mãe de Deus.

A Igreja Católica distingue três tipos de veneração: "latria" (a adoração devida só a Deus), "dulia" (a honra apropriada aos santos e anjos do céu) e "hiperdulia" (uma honra especial dedicada à Bem-Aventurada Virgem Maria). Entre "latria" e "dulia" não existe uma diferença de graus, mas sim de tipos: "dulia" e "latria" são tão distantes como a criatura do Criador.

O Concílio Vaticano II afirmou claramente que "criatura alguma jamais poderá ser comparada com o Verbo encarnado e Redentor" (LG 62). Esta afirmação também é válida para a Mãe de Deus: "A Igreja não hesita em confessar esta função subordinada de Maria" (LG 62).

Ainda que o Concílio peça uma veneração apropriada para Maria, que seja incentivada generosamente entre os fiéis, também adverte contra os excessos: "Aos teólogos e pregadores da palavra de Deus, exorta-os instantemente a evitarem com cuidado, tanto um falso exagero como uma demasiada estreiteza na consideração da dignidade singular da Mãe de Deus. Estudando, sob a orientação do magistério, a Sagrada Escritura, os santos Padres e Doutores, e as liturgias das Igrejas, expliquem como convém as funções e os privilégios da Santíssima Virgem, os quais dizem todos respeito a Cristo, origem de toda a verdade, santidade e piedade. Evitem com cuidado, nas palavras e atitudes, tudo o que possa induzir em erro acerca da autêntica doutrina da Igreja os irmãos separados ou quaisquer outros" (LG 67).

Portanto, a Igreja Católica não incentiva a adoração a Maria. Os possíveis excessos entre os fiéis são contrários ao explícito ensinamento da Igreja e não representam a correta prática católica. Muitos protestantes, receosos pelos excessos da devoção mariana, tendem a ignorar totalmente Maria.
A Igreja Católica, por outro lado, dá continuidade à tendência das Sagradas Escrituras no que diz respeito a honrar Nossa Senhora.

Encontramos um exemplo em Lucas 1, 28.30: "E, entrando o anjo onde ela estava, disse: Salve, agraciada; o Senhor é contigo; bendita és tu entre as mulheres. (...) Disse-lhe, então, o anjo: Maria, não temas, porque achaste graça diante de Deus".

Outro exemplo em Lucas 1, 41-45: " E aconteceu que, ao ouvir Isabel a saudação de Maria, a criancinha saltou no seu ventre; e Isabel foi cheia do Espírito Santo. E exclamou com grande voz, e disse: Bendita és tu entre as mulheres, e bendito o fruto do teu ventre. E de onde me provém isto a mim, que venha visitar-me a mãe do meu Senhor? Pois eis que, ao chegar aos meus ouvidos a voz da tua saudação, a criancinha saltou de alegria no meu ventre. Bem-aventurada a que creu, pois hão de cumprir-se as coisas que da parte do Senhor lhe foram ditas".

Cheia do Espírito Santo, Isabel honra Maria como bendita entre as mulheres; sente-se honrada por estar na presença de Maria, já que ela é a Mãe do nosso Senhor Jesus. Nem o Anjo nem Isabel parecem pecar ao honrar Maria ou diminuir a adoração devida a Deus. Ao invés disso, ambos os exemplos demonstram que este tratamento é apropriado e não menoscaba o culto devido a Deus.
Estas duas passagens são a base da primeira parte da forma mais comum de devoção mariana: a oração da Ave-Maria. A primeira frase da oração – "Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco" – é uma simples e antiga tradução da saudação do Anjo a Nossa Senhora. A seguinte frase – "Bendita sois vós entres as mulheres e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus" – foi tirada da saudação de Isabel a Maria.

Os católicos também seguem o exemplo de Jesus ao honrar Maria.

Em sua obra "Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Virgem", o escritor do século XVIII, São Luís Maria Grignion de Montfort, destaca que Jesus, não tendo pecado, teria obedecido ao quarto mandamento – Honrar pai e mãe – e que, dessa maneira, temos de imitar Jesus honrando devidamente Maria.
Alguns opinam que Lucas 11, 27-28 é um exemplo de como Jesus nega a honra devida a Maria: "E aconteceu que, dizendo ele estas coisas, uma mulher dentre a multidão, levantando a voz, lhe disse: Bem-aventurado o ventre que te trouxe e os peitos em que mamaste. Mas ele disse: Antes bem-aventurados os que ouvem a palavra de Deus e a guardam". No entanto, sabemos, por outras passagens, que o correto é oferecer um tratamento especial a Maria. E mais: Jesus destaca que a fé de Maria é mais importante que seu papel como Mãe, já que, na última frase da saudação de Isabel, esta diz a Maria: "Bem-aventurada a que creu, pois hão de cumprir-se as coisas que da parte do Senhor lhe foram ditas" (Lc 1, 45).


Paz e Bem! #TamuJunto 

sábado, 15 de março de 2014

A RCC, um Movimento da Igreja ou uma Torrente de Graça?


Em Atos dos Apóstolos, encontramos a confirmação de como a Igreja tem sido revitalizada através da ajuda do Espírito Santo desde o início de sua vida. As primeiras comunidades, nas quais a “alegria e singeleza de coração” (At 2, 46) reinavam, eram ricas em dinamismo, abertura e zelo missionário. Estas comunidades partilhavam o partir do pão em amor fraternal, iluminadas pela Palavra, servindo uns aos outros com humildade mútua – e eram um testemunho autêntico que atraía a admiração daqueles que observavam os discípulos - estimulando em muitos o desejo pela conversão e por partilhar este novo estilo de vida. O Evangelho de São João nos oferece uma fotografia desta nova família espiritual dedicada a amar “Amai-vos uns aos outros, como eu vos tenho amado” (Jo 13, 34).

Estes irmãos daquele tempo testemunharam o poder e a eficácia da Palavra: curas, libertações, sinais e prodígios aconteceram em abundância. Nesta atmosfera, era normal viver sob a vigorosa ação de Deus, que produzia coragem renovada diante das perseguições, inspirando um amor profundo e crescente; e tudo isto era o fruto da Sua presença. Em Atos 1, 8, há uma referência específica à promessa de Jesus referente à efusão do Espírito e aos resultados maravilhosos de Sua ação em nossos irmãos daquele tempo. É certo, portanto, esperar que esta ação continuará a operar na Igreja de hoje também: toda a Igreja deve ser renovada.

Quando comparamos as primeiras comunidades de cristãos às de hoje, compreendemos que algo do amor e da intensidade daquele tempo foi perdido, provavelmente como consequência de termo-nos tornado mais burgueses e egoístas. A predisposição autêntica para com o ideal espiritual foi progressivamente diluída e substituída por um ceticismo frio que entorpece, limita e congela e, em seu pior estágio, mata. Não deveríamos talvez renovar nossa fé na promessa de Jesus que nos enviou Seu Espírito Santo no início da história da Igreja, assegurando-nos também: “Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo” (Mt 28, 20)? Vimos estas palavras de Jesus se tornarem realidade em diferentes fases da história da Igreja, particularmente em momentos difíceis devido a conflitos e situações que fizeram parecer que o barco de Pedro havia afundado: a ajuda divina nunca falhou e sempre estimulou novos dons espirituais através da renovação do impulso do Espírito. Hoje também somos atores e protagonistas de uma ação renovadora poderosa na Igreja, vivendo em uma “torrente de graça” abençoada que leva o nome de Renovação Carismática, um novo convite do Senhor para um Cristianismo que se manifesta através de sinais e comportamentos evidentes, o fruto de nossa abertura à maravilhosa ação do Espírito. Esta torrente renovadora envolve toda a Igreja: não podemos reduzi-la a um simples “Movimento” ou “Associação”; é um sopro poderoso do Espírito que queima na Igreja para nos tirar de nossa indiferença e torpor. Devemos recuperar este tipo de experiência, típica das primeiras comunidades cristãs, confirmando assim o que Jesus prometeu: “Aquele que crê em mim fará também as obras que eu faço, e fará ainda maiores que estas, porque vou para junto do Pai” (Jo 14, 12).


Para aqueles que dizem que a RCC passará, podemos responder com convicção de que isto não acontecerá: a Igreja, em toda a sua história, sempre recebeu do Espírito um sopro renovador em resposta às necessidades do mundo em cada era... e assim será no futuro” Obviamente, a fim de colaborar com esta “torrente de graça” neste período da história, também necessitamos de estruturas que possam garantir um serviço adequado à Igreja e à sociedade. Com este propósito a Igreja, em sua sabedoria, considera esta “torrente de graça carismática” também como um “Movimento Eclesiástico”, canonicamente reconhecido e aprovado. Assim o Santo Padre, João Paulo II, falou em sua mensagem aos Movimentos da Igreja e às Novas Comunidades na véspera de Pentecostes de 1998 (30 de maio) na Praça de São Pedro: “É a partir desta redescoberta providencial da dimensão carismática da Igreja que, tanto antes como depois do Concílio, aconteceu uma linha singular de desenvolvimento dos Movimentos da Igreja e de Novas Comunidades”. O termo “Movimento”, portanto, se refere às entidades que frequentemente são diferenciadas umas das outras, mesmo em sua forma canônica. Este termo não é uma definição rígida, nem tampouco expressa, de forma plena, a riqueza das formas que surgem da criatividade do Espírito de Cristo que traz vida. Além disso, também indica uma entidade eclesiástica concreta formada principalmente por leigos e leigas e que consiste na fé e no testemunho Cristão que baseiam a razão de sua existência em um carisma específico concedido ao seu próprio fundador em circunstâncias específicas e através de métodos específicos. É o Espírito que funda e dá identidade à RCC. Não temos dúvida quando afirmamos que é Ele que guia a RCC no caminho que a levou a ser aprovada pela Igreja através do reconhecimento papal dos estatutos e serviços do ICCRS, em 14 de setembro de 1993, durante a Festa da Exaltação da Cruz. Não podemos deixar de salientar que estes estatutos têm ajudado muitos países na elaboração de seus próprios estatutos, capacitando  muitas comunidades locais da RCC a desempenhar fielmente tanto a missão de evangelização  - através do testemunho do amor fraternal que Jesus nos ensinou – e da difusão e promoção da “Cultura de Pentecostes”, tão ardentemente desejada por nossos amados Papas João Paulo II e Bento XVI.  Afirmar, portanto, que a RCC é uma “torrente de graça” não é uma contradição ao fato dela ser um “Movimento”. É, de fato, um movimento.... do Espírito Santo. Daí que, queridos irmãos e irmãs, convidamo-os para que, com Espírito renovado,  deixem-se ser preenchidos pela graça divina a fim de viver e servir a Igreja fundada por Jesus: a Igreja de ontem, de hoje e de todos os tempos;  a Igreja que Jesus confiou à ação santificadora do Seu Espírito!

Deus abençoe você! Paz e Bem! 

Agradecimento:  Maria Eugenia de Gongora - RCC.

terça-feira, 11 de março de 2014

O que um padre pode ensinar sobre o casamento, se ele não é casado?

Quando conto que estou cursando uma licenciatura em Matrimônio e Família, muitas pessoas costumam rir e me perguntam o que nós, padres, sabemos sobre o casamento, se não somos casados. Como um sacerdote ousa falar de uma realidade da qual ele não tem experiência?
                         
Vou começar esclarecendo um primeiro ponto: os padres são celibatários, mas isso não significa que sejam solteiros. De fato, não estão disponíveis nem livres para nenhuma mulher.

Para entender isso, é preciso ter claro que o nosso ministério sacerdotal não é "nosso" ministério sacerdotal: é o ministério de Jesus, Sacerdote eterno, o único e verdadeiro sacerdote da nova aliança.

O que os padres são e fazem não é uma mera representação da sua ação evangelizadora, mas uma participação direta da sua graça santificante, que lhes deu, em nome de Jesus, um nome, a potestade para submeter o Maligno, perdoar pecados, santificar o amor, ungir os enfermos e mostrar a beleza da sua Palavra.

Tudo isso parece muita pretensão, não é mesmo? Mas esta é a beleza e a grandeza do ministério que foi confiado aos sacerdotes. Nós, padres, não nos apropriamos de privilégios nem atributo algum; só temos responsabilidades das quais prestaremos contas diante do Senhor.

Pois bem, o apóstolo Paulo, em Efésios 5, 25-26, nos diz: Maridos, amai as vossas mulheres, como Cristo amou a Igreja e se entregou por ela, para santificá-la, purificando-a pela água do batismo com a palavra". Este texto nos mostra claramente a relação esponsal que Cristo tem com a Igreja, da qual é cabeça e ela, seu corpo, fazendo dos dois uma só unidade pelo amor. Cristo é esposo da Igreja e, por isso, se os padres são presença de Cristo na terra, então são verdadeiros esposos da Igreja.

Não estamos diante de uma simples ficção, mas de uma realidade de cunho teológico que se compreende quando permitimos que entrem no nosso coração aquelas palavras de Jesus: "Porque há eunucos que o são desde o ventre de suas mães, há eunucos tornados tais pelas mãos dos homens e há eunucos que a si mesmos se fizeram eunucos por amor do Reino dos céus. Quem puder compreender, compreenda" (Mt 19, 12).

Partindo desta perspectiva, conseguimos compreender de que maneira um sacerdote é verdadeiro esposo que tem responsabilidades como as de um casal: geram filhos no batistério e sabem perfeitamente o que significa escutar aqueles que "choram" de madrugada pedindo ajuda ao seu pai.

Os padres sabem o que é educar nas diferenças e ter de perdoar os que se afastam de casa. E sabem também de infidelidades, essas que aparecem na mídia de vez em quando, mostrando a miséria de um coração que também tenta amar e que é frágil como os outros.

Como esposos, os sacerdotes conhecem o perigo da rotina no amor e o desejo que o coração tem de buscar aventuras. Sabem o que significa deitar-se bravo com a esposa, a Igreja, e querer mudá-la permanentemente, porque ela nem sempre encanta com a sua presença.

Há dias em que a esposa Igreja parece feia, desalinhada, mas os padres aprendem a amá-la assim como ela é, e buscam apaixonar-se constantemente por ela, para jamais ter de abandoná-la para buscar amantes furtivas.

Quem acha que os padres não têm nada a ensinar sobre o amor conjugal não faz ideia do que significa ser sacerdote. E o padre que se considera solteiro, tampouco. Os padres são "esposos celibatários", duas palavras que mostram uma aparente contradição, mas que nos permitem entender melhor este mistério de amor.

Além disso, como esposos, os padres têm uma palavra oportuna, de motivação, iluminadora para aqueles outros esposos que precisam enxergar uma luz no fim do túnel, para saber enfrentar o demônio da rotina e do tédio.

Os padres têm uma palavra acertada para aqueles que não veem outra solução para o seu problema a não ser o divórcio, com a enorme frustração e derrota de não ter sabido amar para sempre e a inevitável luta para buscar a justiça, que lhes permita "repartir" os filhos, como se repartem os bens da casa.

Nós, padres, temos experiência no amor matrimonial sim, conhecemos os amores e as infidelidades, sabemos do que estamos falando.


Texto: Aleteia.org

Paz e Bem! #TamuJunto